A tendinite patelar, conhecida como joelho do saltador, é uma condição que, apesar de aparentemente inofensiva, pode incapacitar a prática esportiva. A incidência dela é maior nos homens. É uma das doenças do joelho que mais afeta os atletas, ocorrendo em até 20% dos corredores. Quanto ao lado acometido, homens e mulheres são igualmente afetados quando ocorre bilateralmente. Quando a tendinopatia é unilateral, a relação masculino-feminino é de dois para um.

Por que a doença se desenvolve?

Acredita-se que a patologia seja causada por esforço repetitivo sobre o tendão patelar e do quadríceps, durante o salto. É uma lesão específica para atletas, principalmente aqueles que participam de esportes envolvidos na desaceleração, como basquete, vôlei, handebol e corrida de rua. É ocasionalmente encontrada em jogadores de futebol, e em casos raros, pode ser visto em esportes como musculação e ciclismo.

Fatores predisponentes incluem maior peso corporal, genu varo e geno valgo, um ângulo Q do joelho aumentado, patela alta, diferença no comprimento do membro e encurtamento das cadeias musculares, principalmente da posterior (isquiotibiais). Fatores ligados ao treino incluem falta de preparo físico direcionado ao esporte, técnica inadequada e aumento súbito da intensidade e frequência (overtraining).

O que se sente?

Os pacientes relatam dor anterior do joelho, muitas vezes contínua. O início dos sintomas é insidioso. Normalmente, o envolvimento é infrapatelar ou perto do polo inferior da patela. Dependendo da duração dos sintomas, o joelho do saltador pode ser classificado quatro fases:

  • Fase 1 – dor apenas após a atividade, sem prejuízo funcional
  • Fase 2 – dor durante e após a atividade, embora o paciente ainda seja capaz de executar satisfatoriamente seu esporte
  • Fase 3 – prolongada durante e após a atividade, com a dificuldade crescente na realização de um nível satisfatório
  • Fase 4 – Ruptura completa do tendão e exigindo reparação cirúrgica.

O exame físico pode revelar aos seguintes achados:

  • Ponto de dor no polo inferior da patela, polo superior da patela ou tuberosidade tibial
  • Encurtamento dos músculos isquiotibiais e quadríceps.
  • Estabilidade ligamentar normal do joelho.
  • Derrame intra-articular do joelho (raro)

Tratamento

Na fase aguda, impreterivelmente, institui-se os programas de reabilitação, incluindo:

  • Diminuir as atividades que aumentam a pressão femoropatelar (por exemplo, pular e agachar). Possivelmente com início suave de atividades de carregamento excêntrico.
  • Crioterapia: aplicar gelo por 20 a 30 minutos, quatro a seis vezes por dia, especialmente após a atividade.
  • Melhoria do alongamento: incluindo os flexores do quadril e joelho (isquiotibiais, gastrocnêmio, iliopsoas, reto femoral, adutores), extensores de quadril e joelho (quadríceps, glúteos), da banda iliotibial, e o retináculo patelar.
  • Reforço muscular: fortalecer usando cadeia cinética fechada e exercício excêntrico (ou seja, a perna única descidas agachamento).
  • Avaliação isocinética: Detecção de possíveis desequilíbrios musculares através da análise do dinamômetro isocinético e tratamento dos mesmos.
  • Treinamento proprioceptivo específico, pliometria e retorno programado e assistido ao esporte.

Quando se opera?

Em geral, após falha do tratamento conservador, indica-se o tratamento cirúrgico. Os dois principais procedimentos cirúrgicos incluem a perfuração do polo envolvido e a excisão da área acometida do tendão. O objetivo da perfuração é aumentar o suprimento vascular para a área afetada. Recentemente, com o advento da artroscopia do joelho, é possível que seja realizada sem a incisão anterior clássica.

O segundo procedimento envolve a excisão longitudinal do tendão envolvido. O principal benefício deste procedimento é que ele permitiria a retirada de todo o tendão doente, com posterior cicatrização da lesão. Devido às altas taxas de recidiva em degenerações mais avançadas e pessoas muito ativas, o tratamento cirúrgico é sempre a minha primeira opção nesta faixa de população.

Retorno ao esporte

Deve ser baseado na capacidade de um atleta com segurança e habilidade em executar atividades esportivas específicas. Quando os sintomas persistem apesar do tratamento conservador ou até mesmo tratamento cirúrgico, o atleta deve pesar os benefícios e as consequências de jogar com dor.

Existem complicações?

A complicação mais comum é a dor persistente durante o esporte. A mais temida é a ruptura espontânea do tendão, que em geral ocorre após uma contração abrupta do músculo quadríceps, levando a ascensão súbita da patela e incapacitação imediata à deambulação. Esta condição leva à necessidade imediata de reparo cirúrgico.

A prevenção é possível?

A prevenção de sua ocorrência envolve fatores como:

  • Avaliação do aparelho locomotor voltada à biomecânica do esporte.
  • Preparação física para a prática esportiva desejada.
  • Prática esportiva supervisionada por um profissional do esporte e, se possível também por um fisioterapeuta, para que se evite erros no gesto esportivo ou overtraining.

 

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