Fraturas por estresse nos quadris podem ser resultado de carga excessiva de treinos
Fraturas por estresse em corredores são relativamente comuns. Embora os metatarsos e a tíbia sejam os locais mais comumente afetados, estima-se que 1% das fraturas por estresse ocorram no colo femoral. O diagnóstico precoce pode ser difícil. Frequentemente as radiografias iniciais são normais. Os diagnósticos diferenciais incluem outras causas de dor na virilha, como hérnia inguinal, artrose, impacto femoroacetabular e lesão de labrum. Por este motivo, estima-se que o atraso diagnóstico médio seja de 14 semanas. Infelizmente, isso pode levar ao deslocamento de uma fratura inicialmente não deslocada, piorando significativamente o prognóstico para o paciente.
O que é fratura por estresse no quadril?
Assim como em outras articulações, a fratura por estresse ocorre por impacto contínuo, que acaba gerando inicialmente um desgaste ósseo, o que desencadeia em uma fratura.
Isso pode ocorrer em qualquer um dos ossos que compõem o quadril:
- Ilíaco;
- Púbis;
- Ísquio;
- Articulação coxofemoral: cabeça e colo do fêmur e acetábulo.
Por ser uma fratura que acontece no colo do fêmur, dentro das classificações ortopédicas para este tipo de lesão, ela é categorizada como de alto risco. Isso acontece por que, no geral, a fratura por estresse no quadril acaba tendo uma consolidação mais difícil e, em casos mais graves, inclusive necessita de cirurgia.
Causas mais comuns
Como toda e qualquer fratura por estresse, esta do quadril acontece por inúmeras razões, mas no geral as causas mais comuns são:
- Alta carga de treinamento, sem a recuperação necessária;
- Desequilíbrios musculares e articulares;
- Falta de mobilidade articular;
- Impacto excessivo;
- Atividades altamente repetitivas;
- Falta de força muscular.
Existem ainda as causas ligadas a fatores metabólicos, como falta de nutrientes ou secreção inadequada de determinados hormônios, como o estrogênio nas mulheres e a testosterona nos homens. Mas as causas mais comuns estão ligadas a movimentos repetitivos e, principalmente, falta de equilíbrio e força muscular.
Estatisticamente, pessoas com diagnóstico prévio de impacto femoroacetabular (impacto anormal entre os ossos do quadril) possuem maior chance de desenvolver a lesão.
Alguns esportes, como corrida, ciclismo, marcha atlética e tênis, têm uma maior incidência de fratura por estresse no quadril. Naturalmente, isso acontece de acordo com a mecânica do esporte e, principalmente, com as cargas inadequadas.
Diagnóstico
A dor, em geral, ocorre na região do osso acometido. Na articulação coxofemoral , ocorre na virilha e se irradia para baixo, podendo chegar até o joelho. Em alguns casos, ela também pode se irradiar para a região dos glúteos. Existe melhoria quando o paciente repousa e agravo ao retorno das atividades, podendo incapacitar para movimentos do dia a dia como caminhar, subir e descer escadas e dirigir.
Durante o exame físico, é muito comum que os testes aplicados sejam muito semelhantes aos do impacto femoroacetabular, mimetizando uma lesão de labrum do quadril.
A ressonância magnética, exame padrão ouro para o diagnóstico, mostra exatamente em que local do quadril ela ocorre e traz termos como edema ósseo, fratura subcondral ou fratura do micro trabeculado da cabeça e colo do fêmur ósseo .
Tratamento
O tratamento estará sempre ligado ao osso acometido. Ossos como a púbis, ísquio e sacro são tratados de maneira conservadora, com o repouso e a fisioterapia. Quando a lesão está ligada à má qualidade óssea, um triagem metabólica deve ser realizada, dosando-se níveis hormonais, vitamina D, paratormônio, calcitonina, fosfatase alcalina, dentre outros.
Quando ocorre no colo do fêmur, é classificada como alto risco. Como o colo do fêmur é uma região de tração, uma fratura por estresse neste ponto tende a não se consolidar. Se isso ocorrer, pode haver interrupção do fornecimento sanguíneo da cabeça do fêmur, com necrose (morte) da cabeça do fêmur, colapso e desenvolvimento de artrose.
Por isso, após o diagnóstico por imagem, a primeira medida a ser tomada é a suspensão total de atividades de impacto e, muitas vezes, o auxilio de um par de muletas deve ser empregado.
Recursos regenerativos da fisioterapia devem sempre ser empregados o mais brevemente possível. Isso será de fundamental importância para a consolidação adequada do osso.
Em casos mais graves, onde a fratura por estresse já se encontra em estágios avançados, será necessária a intervenção cirúrgica, para a correção do posicionamento e fixação do osso em questão.
Além disso, como esta é uma região muito sensível à movimentação, é natural que esta fratura gere dores. Neste caso, ainda temos a utilização de medicamentos para dar maior conforto ao paciente.
Formas de prevenir
Como esta é uma lesão muito característica de esportistas que praticam atividades cíclicas de alto impacto como a corrida de rua, a primeira forma de prevenir a fratura por estresse no quadril é tendo cuidado com as altas cargas de treinamento. Como o quadril absorve muito impacto, se você treinar de forma descompensada, vai acabar tendo mais chances de ter este tipo de lesão.
Além disso, quando se pratica uma atividade até a fadiga, acaba-se perdendo parte do auxílio que os músculos dão para a absorção do impacto. Com isso, são os ossos que acabam absorvendo a maior parte das cargas externas. Isso, em médio e longo prazo, pode ocasionar não apenas a fratura por estresse no quadril como também outras lesões e patologias.
Por isso, cargas adequadas e, principalmente, recuperação total são fundamentais.
Além disso, equilibrar a força muscular, bem como a mobilidade, também é muito importante para dar mais sustentação e estabilidade para a articulação.
Outro fator fundamental para prevenir a fratura por estresse no quadril é ter um bom alinhamento postural e articular. Algumas vezes, um leve desvio, como um joelho em varo, pode trazer um impacto enorme sobre o quadril e, com isso, gerar uma fratura por estresse.
Para completar, fortalecer músculos específicos, como quadríceps, glúteo médio, mínimo e máximo, iliopsoas e outros que têm participação direta nos movimentos do quadril é fundamental.
Sinto dores constantes no quadril. Posso ter lesão por estresse?
Somente com a avaliação médica correta você terá esta resposta. Há muitas situações que podem gerar esta dor. Consulte um traumatologista do esporte de confiança para ter o tratamento adequado.
Fonte: Eu Atleta – Globo.com
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