Fratura por estresse no pé: o excesso de treinos não é o único culpado

Densidade mineral óssea, níveis hormonais, carências vitamínicas e má alimentação colaboram para que o impacto em determinada região gere fissuras nos ossos

A fratura de estresse faz parte de uma síndrome maior provocada pelo overtraining, o treino acima dos limites físicos. Há vários fatores por trás de uma baixa regeneração tecidual, levando a repetição dessas lesões. Entre eles, a densidade mineral óssea; níveis hormonais ligados ao overtraining, como o índice testosterona/cortisol; carências vitamínicas; má alimentação; e uso de determinadas medicações. Em outras palavras: muitas vezes, o treino não é o “vilão”, mas sim o metabolismo do atleta. Isso explica por que as mulheres, que fisiologicamente possuem baixo nível de testosterona em relação aos homens, são mais sujeitas a estas lesões. Por isso, fatores como irregularidades menstruais e determinados tipos de anticoncepcionais não podem nunca ser negligenciados em uma avaliação médica.

O que é fratura por estresse no pé?

A fratura por estresse no pé acontece por que há um impacto sequencial nesta região, que não é absorvido de uma forma adequada. Com o passar do tempo, iniciam-se fissuras ósseas na região. Esta é a fratura por estresse no pé. Ela pode acontecer de diferentes formas e em regiões distintas. Porém, temos alguns locais onde ela é mais comum:

  • Talus, região próxima à articulação do tornozelo;
  • Ossos sesamoides;
  • Metatarso (principalmente no 5°);
  • Osso calcâneo.

De acordo com a região onde ocorre a fratura por estresse no pé, ela pode ser mais ou menos fácil de tratar.

O tipo de pisada influencia na região do pé que sofre com mais impacto — Foto: infoesporteO tipo de pisada influencia na região do pé que sofre com mais impacto — Foto: infoesporte

Quais são as mais comuns?

Existem inúmeras situações que envolvem as fraturas por estresse no pé. Mas, no geral, as mais comuns se localizam nestas regiões:

  1. Calcâneo: acontecem devido ao forte impacto na região. Esta é uma lesão muito comum em corredores, por exemplo.
  2. Navicular: da mesma forma como acontece com o calcâneo, o osso navicular, próximo à articulação do tornozelo, também recebe mais impacto e é um dos mais comuns em termos de fratura por estresse. Isso ocorre principalmente em quem tem a pisada chamada pronada.
  3. Metatarsos: mais especificamente no quinto metatarso, temos uma incidência maior de fraturas por estresse, principalmente em quem tem a pisada chamada supinada, devido a necessidade constante de estabilização e dissipação de impacto que estes ossos recebem.

Fatores de risco e causas

Basicamente, as fraturas por estresse no pé acontecem porque há um impacto muito elevado na região, acima das capacidades de absorção. Neste caso, as razões podem ser variadas. Mas, no geral, o que acontece é um excesso de atividades.

Por exemplo, um corredor que não respeita adequadamente o tempo de descanso e recuperação óssea e muscular pode facilmente ter uma fratura por estresse no pé. O mesmo pode acontecer com um jogador de futebol ou atleta de tênis ou vôlei.

Além disso, há também elementos metabólicos e nutricionais que podem fazer com que a fratura por estresse no pé apareça. Por exemplo, ela pode ter uma incidência maior em mulheres na menopausa, pelos nítidos desarranjos hormonais.

Por isso, há fatores de risco, como:

  • Impacto excessivo
  • Idade
  • Envelhecimento
  • Excesso de peso

Calçado adequado

Basicamente, como a fratura por estresse no pé acontece em grande parte devido ao impacto, o calçado que você usa tem uma forte relação com ela.

Primeiramente, o calçado que você usa durante a prática esportiva. Se ele não for adequado para sua pisada, seu peso e o esporte que você está praticando, naturalmente todos os ossos do pé irão receber muito mais impacto.

Para completar, temos ainda o caso dos calçados usados no dia a dia. Aqui vai meu alerta principalmente para as mulheres. Ao usar salto alto em excesso, você joga muito mais carga em determinadas regiões do pé. Se houver um excesso destas cargas, você pode acabar tendo uma fratura por estresse no pé, mesmo que não seja uma atleta ou pratique esportes com frequência.

Diagnóstico

O desconforto e a dor do tipo queimação são sempre os primeiros sintomas, em geral na região onde o osso é afetado:

  • 2º metatarso: dor na região central do pé, na almofadinha ao lado do dedão, impossibilitando o uso de calçados com salto.
  • 5º metatarso: dor na região lateral e externa do pé. Agravo com o uso de calçados com solado de couro.
  • Navicular: dor na região interna do pé.
  • Calcâneo: dor na região posterior do pé, semelhante ao esporão e àfascite plantar.
  • Maleólos medial e lateral: dor nas regiões interna e externa do tornozelo, respectivamente.

A ressonância nuclear magnética é o exame “padrão ouro” para o diagnóstico. Termos como edema ósseo, fratura subcondral ou fratura do micro trabeculado ósseo sobre o segundo ou quinto metatarsos são muito empregados pelos médicos radiologistas na descrição do laudo do exame.

Como é o tratamento?

O tratamento dependerá sempre do osso acometido.

Se a fratura estiver localizada, por exemplo, no calcâneo, ela é classificada como de baixo risco. Neste caso, cessamos imediatamente as atividades de impacto e utilizamos um tratamento fisioterapêutico para agilizar o processo de consolidação.

Porém, se a fratura for na região dos metatarsos, talus ou no navicular, por exemplo, ela é classificada como de alto risco. Neste caso, há imobilização do local, retirada total das atividades de impacto e em alguns casos, até mesmo uma intervenção cirúrgica é necessária.

A fratura por estresse do quinto metatarso, em especial quando acomete uma região denominada de metáfise, evolui quase sempre para o tratamento cirúrgico devido a seu pobre suprimento sanguíneo e alta chance de não consolidação. Também é conhecida por fratura de Jones.

Por isso, o tratamento da fratura por estresse no pé depende muito do local e da gravidade.

Ao sentir dores constantes em uma região isolada, sem razões aparentes, procure um médico, pois você pode ter uma fratura por estresse.

Como evitar a fratura por estresse no pé?

O primeiro passo na prevenção da uma fratura por estresse é uma consulta com um médico do esporte para que todos os fatores que possam gerar a lesão por sobrecarga sejam afastados.

Se você pratica esportes de alto impacto, como corrida, futebol, futsal, tênis, basquete ou vôlei, tem que tomar cuidado primeiramente com a carga de treino e jogos. É fundamental deixar seu corpo, articulações, ossos e músculos se regenerarem.

Além disso, é fundamental que você utilize um calçado adequado para você e seu esporte. Ele deve ajudar a absorver o impacto e estabilizar adequadamente o pé e o tornozelo. Para a escolha do melhor calçado, a baropodometria, popularmente conhecida como teste da pisada, pode ser muito útil.

Para completar, é muito importante melhorar sua força e mobilidade articular. Desta maneira, teremos mais eficiência na hora de dissipar a carga do impacto, fazendo com que o pé receba menos carga.

Finalmente, mantenha seu peso adequado e trabalhe para que sua pisada seja o mais correta possível. Desta maneira, seu pé receberá menos impacto e, consequentemente, terá menos chances de ter uma fratura por estresse no pé. Equilíbrio sempre é fundamental nestes casos.

Fonte: Eu Atleta – Globo.com

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