Joelho inchado após o isolamento na pandemia: o que fazer?

Sem dúvidas, a humanidade passa por um dos períodos mais críticos da historia. Ainda sem uma solução definitiva, a Covid-19 forçou a redução da circulação de pessoas e, em paralelo à síndrome em si, temos experimentado uma diminuição da prática de exercícios e o aumento de um “sedentarismo forçado” jamais vividos em tempos modernos. As consequências disso são muitas, como perda de força física, atrofia muscular e surgimento de doenças, entre elas diabetes tipo 2, aumento da pressão arterial e acúmulo de gordura corporal. Para nossos joelhos, o resultado de tanto tempo parado, da falta de periodização e de treinamento não poderia ser diferente, especialmente naqueles que já se tratavam de alguma doença da cartilagem articular como a condromalácia e a artrose e, agora, tentam retomar seus treinos.

Estudos recentes de biomecânica apontam o joelho como a articulação do corpo que mais trabalha próximo aos seus limites fisiológicos; ou seja, no coeficiente entre destruição tecidual e reconstrução, existe grande chance da segunda prevalecer e, consequentemente, haver lesão. Portanto, não só a prática esportiva, mas também atividades repetitivas da vida diária, como subir e descer escadas, andar e agachar-se, podem desencadear dor e inchaço, sem causa maior aparente. Basicamente, a sobrecarga no joelho é causada por aumentos repentinos na intensidade e volume de uma atividade física. E o que se sente?

Sintomas

Queixas comuns podem incluir:

  • Inchaço no joelho;
  • Estalidos;
  • Sensações de falseio;
  • Sensação de areia dentro do joelho;
  • Dor que pode ou não melhorar após a prática esportiva.

Havendo sobrecarga, diferentes estruturas serão lesadas e a sintomatologia estará intimamente ligada à idade, ao sexo e a como o retorno ao esporte está sendo executado, especialmente se realizado sem o acompanhamento de um treinador.

Lesões

De uma maneira mais didática, podemos agrupar as lesões de sobrecarga do joelho como:

Tendinites – inflamações do tendão patelar que liga a patela ao osso da tíbia. Em algumas pessoas, esta inflamação pode se cronificar e a dor pode se perpetuar;

Síndrome de Osgood-Schlatter – de longe, a causa de dor mais comum em joelho de adolescentes;

Sinovite difusa – A inflamação aguda da membrana que reveste o joelho e é responsável pela produção do liquido sinovial, denominada sinovia, causa muita dor e é responsável pelo acúmulo de líquido, popularmente conhecido como água no joelho;

Bursites – causa dor e vermelhidão na pele logo acima da patela;

Condromalácia – amolecimento da cartilagem da patela, causando dor importante aos movimentos. Lesão extremamente comum entre mulheres e intimamente ligada a distúrbios biomecânicos. Além da dor, a lesão também causa crepitação;

Síndrome do trato iliotibial – dor lateral no joelho, ligada ao mau condicionamento muscular para atividades de esforço repetitivo. O incômodo agrava muito ao descer escadas e ladeiras.

O joelho está doendo? Veja três dicas

Não espere melhorar sozinho. Procure um ortopedista de confiança. A pedra angular do tratamento da dor no joelho consiste na melhoria do trofismo, equilíbrio e flexibilidade muscular e na correção de fatores que possam alterar o deslizamento entre a rótula e o fêmur. Levando-se em conta o fato de que nenhuma articulação trabalha sozinha, faz-se extremamente necessária a avaliação do tipo de pisada, alterações anatômicas do joelho e problemas oriundos dos quadris. Todos estes fatores podem alterar a cinemática do joelho e predispor a lesões.

Uma vez iniciado o tratamento, o grande desafio é melhorar a força, o equilíbrio e a flexibilidade de uma articulação dolorosa. Caso o paciente não coopere e exagere tanto em atividades da vida diária quanto no retorno precoce a atividades físicas, pode haver o derrame articular, popularmente conhecido como “água no joelho”, uma reação inflamatória difusa da membrana que reveste a articulação com extravasamento de líquido para a mesma. Isto leva à inibição do reflexo do músculo quadríceps da coxa, com consequente atrofia muscular, formando-se um ciclo vicioso de difícil quebra.

Em linhas gerais, aí vão algumas orientações a quem retornou às atividades físicas após um período de sedentarismo em função da pandemia de coronavírus e sentiu o joelho:

  1. Não ultrapasse seu limites! Se você não esta bem condicionado(a), não exagere na atividade física;
  2. Seu joelho doeu muito? Dor é sinal de lesão. É seu organismo lhe dizendo que algo não vai bem. Portanto, se o joelho dói ou está inchado, é hora de parar, procurar um médico ortopedista, reabilitar-se e, posteriormente, retornar ao esporte.
  3. Quando a pandemia realmente acabar: acompanhamento periódico da equipe por um médico do esporte é indispensável. Apesar de muitas vezes o exame físico estar dentro da normalidade, pode haver algum grau de desequilíbrio muscular, muitas vezes somente detectado através do dinamômetro da avaliação isocinética e que, cedo ou tarde, poderá levar a lesões e comprometer sua performance.

Em caso de dúvidas, entre em contato com um dos especialistas do Espaço Ortopedia ou agende sua consulta pelo e-mail clinica@espacoortopedia.com.br