Hérnia de disco: causas, sintomas, tratamento e volta aos exercícios
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a hérnia de disco atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros. Essa lesão causa dor nas costas e dificuldade para pegar objetos mais pesados ou se locomover, podendo atrapalhar tarefas simples do dia a dia. Além disso, a hérnia de disco pode afastar as pessoas dos exercícios físicos por algum tempo, mas, ao contrário do que muitos pensam, a atividade física auxilia no tratamento da lesão e na manutenção da coluna estável. De acordo com Cezar Augusto de Oliveira, médico neurocirurgião especialista em coluna, o disco intervertebral é uma estrutura circular que, como o nome sugere, fica entre as vértebras da coluna e possui uma estrutura rígida por fora, mas fluida por dentro. Assim, o disco amortece os impactos na coluna causados pelos movimentos do corpo. A hérnia de disco ocorre quando a parede do disco sofre danos e se rompe, o que causa um vazamento do seu núcleo até que chegue às estruturas nervosas próximas dele e cause compressão.
– Qualquer pessoa pode ter essa hérnia, de atletas a sedentários, desde que faça algo para forçar o disco, como traumas físicos e má postura ao longo da vida – explica o médico.
Sintomas
Segundo o médico, a hérnia pode ser assintomática. Porém, quando há sintomas, geralmente estes estão associados à dor no nervo que foi afetado pela lesão.
- Dor na coluna, braços ou pernas;
- Fraqueza muscular nos braços ou pernas;
- Formigamento;
- Falta de sensibilidade nos membros superiores ou inferiores.
– Vamos pegar o exemplo do nervo ciático: ele começa na coluna lombar, entre os dois últimos discos. Se ocorrer hérnia nessa região, com compressão do nervo, a dor pode se manifestar em qualquer parte desse nervo ou percorrer toda a sua extensão, que passa pelos glúteos, pela parte de trás da coxa, pela lateral da perna e vai até os pés. Além disso, fraqueza muscular e prejuízo à sensibilidade em membros, como braços e pernas, pode ser um sintoma da hérnia de disco com compressão das raízes nervosas. Vale destacar que o membro afetado vai depender da localização da hérnia na coluna – informa Cezar Augusto.
Causas
Ainda segundo o neurocirurgião, as causas dessa lesão são variadas, podendo ser provocadas por:
- Impactos sobre a coluna, como traumas físicos;
- Má postura, que faz o corpo exercer uma pressão maior do que a habitual sobre a coluna. Ao longo do tempo, essa pressão causa danos ao disco e pode resultar em hérnia;
- Sedentarismo, pois o fortalecimento muscular é essencial para auxiliar a coluna a sustentar o peso do corpo;
- Fatores genéticos e hereditários, os quais podem levar a um enfraquecimento da parede do disco.
Tratamentos
Cezar Augusto ressalta que, atualmente, as opções de tratamentos são bem diversas, a fim de pensar no paciente de forma global. Dessa forma, o objetivo do médico é primeiramente fazer uma intervenção com a menor agressão possível, para colaborar com um rápido retorno às atividades cotidianas e com a pronta recuperação dos sintomas.
Tendo isso em vista, é possível destacar os procedimentos conhecidos como minimamente invasivos, confira quais são eles:
- Endoscopia da coluna: realizado com uma pequena incisão para a passagem de um tubo de acesso, por onde são introduzidos os instrumentos para visualização e retirada da hérnia. A imagem é exibida em tamanho real e uma pinça auxilia no corte da lesão;
- Microscopia: também com uma pequena incisão, de 3 ou 4 cm, um microscópio cirúrgico amplia a imagem e permite ao médico um melhor campo visual para retirar a hérnia e cauterizar os nervos próximos, para aliviar a dor.
– Diante da impossibilidade de realizar os procedimentos acima, o médico pode optar pela cirurgia convencional, mas é cada vez mais raro, pois é um processo mais invasivo, aumentando o risco de lesões na musculatura e o tempo de recuperação do paciente – acrescenta o neurocirurgião.
No âmbito da fisioterapia, existem algumas técnicas para diminuição da dor do paciente. De acordo com a fisioterapeuta Denise Pripas Schinazi, aparelhos de analgesia, como TENS (neuroestimulação elétrica transcutânea) e ultrassom, podem ser utilizados no tratamento de pessoas com hérnia de disco.
– O mais importante é o profissional fazer a estabilização da coluna do paciente, pois a hérnia acontece quando ocorre um movimento entre uma vértebra e outra, pressionando o disco e fazendo a vértebra sair do lugar. Tendo isso em vista, a melhor forma de tratar uma hérnia é estabilizar a coluna para que esses movimentos e o atrito entre as vértebras não aconteçam – explica a fisioterapeuta.
Para além de aparelhos, um dos métodos mais utilizados para estabilizar a coluna do paciente é a realização de exercícios que fortalecem o core, músculos abdominais, da região lombar, da região pélvica e do quadril responsáveis por sustentar o tronco e o manter estável.
– Quando todos esses músculos estão fortes, ativos e funcionando corretamente e em harmonia, a coluna fica estabilizada. Por isso, para manter a postura estável, esses exercícios específicos funcionam muito bem – acrescenta a profissional.
Retorno às atividades físicas após cirurgia
Como dito anteriormente, a atividade física é um dos principais métodos utilizados na reabilitação de pacientes com hérnia de disco. Por ser muito importante tanto no momento do tratamento quanto depois dele, o exercício físico é amplamente recomendado por especialistas. Contudo, o retorno às atividades físicas deve ser feito de forma cautelosa e orientada.
Em relação a quanto tempo demora para o paciente se recuperar e voltar a praticar exercícios, Denise explica que isso vai depender de muitos fatores, como o tamanho da hérnia, a adesão do paciente e a condição prévia de exercícios que este possui, pois esses fatores determinarão quanto tempo o paciente demorará para responder ao exercício. Por exemplo, o treinamento para uma pessoa sedentária demora mais tempo para dar resultado do que para uma pessoa ativa fisicamente.
– Como um atleta está acostumado a trabalhar com o corpo, ele terá mais condição de responder rápido ao exercício realizado para o tratamento da hérnia de disco. Já uma pessoa sedentária, responde mais devagar a esse processo, ou seja, ela demora mais tempo para fortalecer os músculos necessários, para entender em que local tem que exercer mais força e para ter compreensão corporal, afinal, tem menos experiência muscular. Tendo em vista esses fatores, o tempo para retornar às atividades físicas depende muito de cada caso, não há um tempo específico – aponta a fisioterapeuta.
Embora não haja um tempo de recuperação específico, Cezar Augusto destaca que, no pós-operatório minimamente invasivo, um paciente com estrutura muscular forte e habituado às atividades físicas costuma retornar aos exercícios dentro de uma semana. Já um paciente sedentário, costuma retornar em até três semanas.
Contudo, mesmo depois de tratado, Denise ressalta que o paciente deve fazer a manutenção desse trabalho de estabilização da coluna, pois, para manter a coluna estável, é preciso de força muscular.
– Força muscular é igual academia: se você treina, você terá força; se você para de fazer exercício, você começará a perder a força que ganhou. Por isso é tão importante manter a constância de treinos. Depois de terminar o tratamento, o paciente pode buscar outras alternativas que não a fisioterapia, como atividades físicas que o agradem e demandem o uso da força nos músculos do core, como ocorreu durante o tratamento. Caso a pessoa encontre uma atividade física que dê prazer e tenha uma demanda para trabalhar aquilo que foi realizado na fisioterapia, ela conseguirá manter a coluna estabilizada. No caso de pessoas que param de fazer os exercícios, pode haver uma regressão, perdendo o que foi ganho durante o tratamento. Uma das atividades físicas recomendadas para manter o tronco estável é o pilates – indica a fisioterapeuta.
Em relação às contraindicações, Cezar Augusto aponta que, com o devido acompanhamento de um profissional do esporte e/ou fisioterapeuta, não há restrições para a prática de atividades físicas. Afinal, elas são importantes para o movimento do corpo e fortalecimento muscular que apoiam a coluna.
– Os cuidados vão depender do tempo que a pessoa estava habituada ao exercício físico: quanto mais forte e mais estruturado o corpo, mais cedo ela retorna. Caso contrário, em até três semanas. No entanto, pela importância da atividade para o corpo, recomendo que não haja restrição, mas sim um retorno progressivo às atividades com acompanhamento multidisciplinar, com profissionais especializados em recuperação e na atividade que o paciente pratica. Quanto mais o médico conhece o paciente, melhor ele pode conduzir o tratamento até a recuperação total. O profissional da atualidade é focado na qualidade de vida do paciente, por isso também leva em conta suas expectativas de retorno às atividades. Muito se fala sobre o perigo dos impactos, mas hoje em dia isso não é um problema quando há o devido acompanhamento para o fortalecimento muscular. Sob esse prisma, sem restrições – explica o médico.
De acordo com os especialistas, o que deve ser evitado é fazer atividade física sem supervisão, pois, nesse caso, a pessoa pode praticar exercícios que não são adequados e que não vão ajudar a manter a estabilidade da coluna, além de haver a possibilidade dos exercícios serem executados de forma errada, podendo piorar a lesão. Por isso, é fundamental procurar um profissional especializado para orientá-lo a respeito da prática de atividade física após o tratamento de hérnia de disco.
Fonte: Eu Atleta – globo.com
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