Volta ao esporte após cirurgia de ligamento cruzado anterior
Nos Estados Unidos, a incidência anual da lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) de joelho foi de 68,6 por 100.000 pessoas-ano, principalmente em homens entre 19 e 25 anos e em mulheres de 14 a 18. Os últimos estudos mostram também que a taxa de reconstrução do LCA aumentou de maneira significativa ao longo do tempo em todas as faixas etárias. Apesar das modificações recentes em sua técnica, a cirurgia continua sendo indicada para pacientes jovens, ativos e com ruptura completa do ligamento, que pode ser diagnosticada por meio da associação de exames físico e de imagem.
Quem já operou o ligamento cruzado anterior sonha em voltar às práticas esportivas, como futebol, tênis, jiu-jitsu, judô, entre outros. Inclusive, o retorno às atividades físicas faz parte do objetivo final da cirurgia. Estatisticamente, a taxa de sucesso da operação e de qualidade de vida após a intervenção é relativamente alta. Porém, o resultado vai depender muito da qualidade técnica do procedimento, do suporte de uma equipe de reabilitação de fisioterapeutas e profissionais de educação física competentes e, principalmente, da cooperação do paciente.
7 passos para o retorno aos esportes
1. Avalie o currículo de seu cirurgião
A Sociedade Brasileira de cirurgia do joelho (SBCJ) disponibiliza on-line a listagem de profissionais especialistas aprovados. Portanto, capazes de investigar e tratar doenças do joelho. É importante sempre verificar o currículo do médico selecionado.
2. Questione a técnica cirurgica
Tire suas dúvidas com seu médico a respeito da técnica a ser utilizada na cirurgia e converse com ele sobre o período pós-operatório para entender qual será o impacto no retorno ao esporte. Nesta primeira consulta, é muito importante também que seja definido a fonte do enxerto como o terço central do tendão patelar, tendões isquiotibiais e tendão do quadríceps. O local da retirada do enxerto pode trazer dificuldades de retorno para determinado esporte. Por exemplo, um judoca pode sentir dor ao ajoelhar se a escolha do enxerto for o tendão patelar.
3. Pense na fisioterapia e peça indicação ao médico
A comunicação entre profissionais e estabelecimento de medidas de reabilitação e prevenção está estatisticamente ligada a melhores resultados. Por isso, verifique com seu médico a possibilidade de realizar fisioterapia pré-operatória. Caso não haja contraindicações, como lesões meniscais bloqueando o joelho ou contusões concomitantes a outros ligamentos da articulação, a fisioterapia pré-operatória será útil para manter a musculatura trófica, melhorar a dor e garantir o arco de movimento normal do joelho.
4. Paciência e resiliência
O retorno ao esporte deve ser gradual, após melhoria do condicionamento físico do paciente e sob a supervisão de um bom treinador. Tanto antes da cirurgia quanto depois, a musculatura do membro afetado, principalmente a musculatura da coxa, sofrerá atrofia, denominada “inibição artrogênica do quadríceps”. Em outras palavras: o grupo muscular ficará inibido e desequilibrado, não respondendo completamente a estímulos voluntários de contração. Mas tenha em mente que esse quadro pode ser totalmente revertido com uma boa fisioterapia pós-operatória.
5. Reequilibre sua musculatura
Para o retorno seguro ao esporte, considero fundamental a realização da avaliação isocinética. O ideal é que essa análise muscular computadorizada aconteça no terceiro e sexto mês pós-operatório, a fim de se avaliar força, potência e resistência da musculatura do paciente, além de auxiliar no trabalho de grupos musculares que podem estar fracos e desequilibrados.
6. Fortaleça a musculatura
Iniciado pelo fisioterapeuta, o trabalho de fortalecimento deve ser encaminhado, em seguida, a um bom profissional da educação física, que entenda bem a lesão e siga o protocolo sob proteção articular. Para melhor direcionamento ao esporte, é fundamental manter a comunicação entre os profissionais.
7. Entenda o conceito de transição ao esporte
O termo “transição” refere-se ao período em que o paciente passa a ser acompanhado tanto por fisioterapeutas, quanto por profissionais da educação física. Nesse momento, são aplicados testes funcionais, como o Function Movimento Screen (FMS), e o treinamento é reperiodizado até que se consiga voltar de maneira plena ao esporte.
Cada atividade física tem seu tempo de retorno, respeitando a biologia e a qualidade da reabilitação empregada. Picos de treino podem causar sobrecarga no joelho e, com isso, atrasar a tão sonhada volta às academias, quadras, ruas, trilhas e aos gramados.
Fonte: Eu Atleta – globo.com
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