Capsulite: chamada de “ombro congelado”, lesão não tem nada a ver com frio

O nome pode assustar, mas saiba que nada tem a ver com o frio. O “ombro congelado” ou capsulite adesiva é uma condição clínica que se caracteriza pela presença de dor e redução progressiva dos movimentos do ombro.

O problema acomete cerca de 2% a 5% da população geral, principalmente mulheres entre 40 e 65 anos. Mas sua prevalência pode chegar a 38% em pacientes com diabetes e/ou doenças da tireoide, sendo essas duas comorbidades fatores de risco importantes para o desenvolvimento do ombro congelado.

A capsulite pode ser classificada em:

  • Primária ou idiopática, quando não há causa específica para o surgimento da condição
  • Secundária, podendo apresentar um fator causal como trauma na região, doenças autoimunes, imobilização prolongada do ombro, fraturas do úmero, AVE e patologias do manguito rotador. Porém, o nível de evidência científica que comprova a associação da capsulite com essas condições não sistêmicas é muito baixo e mais estudos são necessários

Por que o ombro “congela”? O que acontece na articulação?

Para responder a essas perguntas, vale entender as fases dessa patologia. Ela pode ser dividida em quatro fases de características distintas, sendo:

Fase 1 – Inflamatória Pode durar até três meses. O paciente apresenta dor aguda ao movimentar o ombro, principalmente quando realiza movimentos amplos. Também pode ser comum a dor durante o repouso, que prejudica até o sono.

Durante essa fase, é comum que o paciente seja diagnosticado como portador da síndrome do impacto do ombro, justamente por ainda não apresentar grandes perdas de movimento.

  • Exame: nos exames de investigação da articulação, é possível verificar uma reação no líquido articular, porém ainda sem aderências ou contraturas nos tecidos articulares.

Fase 2 – Congelamento Essa fase pode durar de três a nove meses, sendo caracterizada pela redução gradual do movimento em todas as direções (flexão, extensão, abdução, adução e rotações interna e externa) —e a dor intensa se mantém.

  • Exame: o exame artroscópico revela a presença de sinovite (inflamação da membrana sinovial que reveste a camada interna da articulação) e a formação de novos vasos e nervos na cápsula articular.

Fase 3 – Ombro Congelado Ocorre entre o nono e o décimo quinto mês, quando a dor pode diminuir e a presença da restrição dos movimentos é notável.

  • Exame: no exame atroscópico é possível ver que a sinovite e a formação de novos vasos diminuem, porém, há a presença de aderências na cápsula da articulação, o que justifica a redução da amplitude dos movimentos.

Fase 4 – Descongelamento É quando a dor finalmente começa a cessar, porém, o sintoma de rigidez persiste de forma significativa em um quadro de 15 a 24 meses.

Mas se a capsulite adesiva dura até 24 meses, existe algo que eu possa fazer?

A capsulite adesiva foi inicialmente considerada uma doença autolimitada, com resolução espontânea. Mas estudos já comprovam que apesar da melhora dentro de 24 meses, sintomas leves podem persistir por anos dependendo do comprometimento da cápsula do ombro. Vale também dizer que em pacientes com diabetes a recuperação pode ser mais lenta e com resultados piores, caso não seja feito um tratamento.

Como saber se tenho capsulite adesiva?

O diagnóstico deve ser realizado pelo médico ortopedista e é feito com base na história clínica e exames clínicos, lembrando que exames de imagem são realizados para descartar outras condições similares, como necrose avascular, osteoartrose e tendinite calcária.

Dentro das opções de tratamento há os bloqueios anestésicos, injeções de corticoesteróides, manipulações e a fisioterapia —sempre indicados de forma individual e específica, de acordo com a avaliação realizada pelo médico ortopedista responsável pelo seu caso.

Como é o tratamento da fisioterapia na capsulite adesiva?

O tratamento conservador é indicado por pelo menos seis meses, para que possa ser investigada a necessidade de abordagem cirúrgica aberta ou artroscópica.

É preciso paciência no tratamento da capsulite adesiva: é importante que o paciente saiba que o sucesso do tratamento em curto e médio prazo não consiste na restauração completa dos movimentos do ombro e, sim, na redução da dor, melhora da função e nível de satisfação.

Por isso, se você tem esse diagnóstico, deve ter calma e cautela no tratamento. Saiba que o curso natural do ombro congelado é de redução da movimentação até os primeiros 15 meses.

O sucesso do tratamento em longo prazo pode ser caracterizado com a melhora significativa dos movimentos conforme o remodelamento dos tecidos do ombro.

O tratamento conservador, com fisioterapia, é baseado na sintomatologia e sensibilidade do paciente. Na avaliação do fisioterapeuta é realizada uma avaliação minuciosa funcional para se traçar estratégias e condutas eficazes para cada caso.

Entre as opções de condutas e recursos fisioterapêuticos podem ser usadas a terapia manual, cinesioterapia com exercícios de fortalecimento, mobilização, alongamento e a eletrotermofototerapia. Procure seu fisioterapeuta para avaliação e tratamento adequado.

Fonte: UOL – Viva Bem

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