Artrose no quadril de atletas: a prótese é a única solução?

O termo artrose refere-se ao desgaste de nossas articulações e isso pode estar ou não ligado ao nosso envelhecimento fisiológico a sequelas de doenças reumáticas, fatores genéticos e familiares, pós-operatórios e sequelas de fraturas graves. Segundo a literatura, o quadril é a segunda articulação mais acometida pela artrose no nosso corpo, atrás apenas do joelho. O articulação do quadril é complexa e é formada pela junção do tipo “soquete” entre a cabeça do fêmur e o “encaixe” da pelve chamado acetábulo.

Esta articulação permite movimentos especiais, que permitem a caminhada ereta do ser humano. A cada passo, há uma carga de três a quatro vezes o peso corporal em um dos quadris. O choque no quadril é absorvido pelos ligamentos e músculos do quadril e da região lombar.

Sintomas

Os sintomas da artrose, também conhecida como osteoartrose, osteoartrite ou doença articular degenerativa, começam de maneira suave com dor na região da virilha que pode se irradiar para a região glútea, geralmente após a pratica esportiva, principalmente em atividades que exijam muito agachamento, como no crossfit, por exemplo.

Com a progressão da artrose da do quadril, ocorre forte dor e restrição de movimento, impossibilitando o individuo a atividades do dia a dia. Movimentos como calçar sapatos, cortar as unhas dos pés, entrar e sair do carro começam a se tornar um pouco mais difíceis devido à perda do movimento articular. Com a piora do quadro, as dores noturnas e a rigidez matinal surgem. Nesta fase já mais avançada, começa a perda real da qualidade de vida, quando a pessoa deixa de fazer o que lhe dava prazer.

Tratamento inicial

  • Inicia-se o tratamento com fisioterapia e, se possível, com hidroterapia, procurando fortalecer a musculatura regional e manter o arco de movimento;
  • Exercícios de impacto devem ser evitados;
  • A perda de peso também tem papel importante no tratamento, haja visto que o quadril suporta múltiplos do peso corpóreo.

Prótese de quadril

O tratamento definitivo é a prótese de quadril, cirurgia na qual toda a articulação é substituída por um implante composto da liga de titânio-cromo-cobalto. Apesar de o design das próteses ter evoluído muito nos últimos anos e por isso permitir o retorno ao esporte em alguns casos, acredita-se que quanto maior o impacto, maior a chance da evolução para a soltura. Por isso, quanto mais a protelação for possível, melhor. E, por este motivo, técnicas alternativas que possam aliviar a dor e manter o indivíduo ativo tem sido descritas e estudadas.

Viscossuplementação pode ser uma alternativa?

O termo viscossuplementação refere-se à infiltração articular com acido hialurônico. Apesar de ser popular sua aplicação no joelho, em tese, pode ser realizada em qualquer articulação.

Historicamente, em 1934, os pesquisadores Karl Meyer e John Palmer isolaram o ácido hialurônico (HA) em seres humanos, identificando-o como um produto da matriz extracelular de muitos tecidos maduros, incluindo o líquido sinovial. No início da década de 1960, criou-se a ideia de que a suplementação com ácido hialurônico poderia melhorar as propriedades dos fluidos sinoviais e para tratar a dor articular. Pouco tempo depois, foram publicados os primeiros estudos sobre modelos animais e tentativas de tratar o uso da substância. Em 1997, o ácido hialurônico recebeu a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) nos EUA para ser realizado em seres humanos.

No início dos anos 2000, o produto começou a ser utilizado em maior escala em portadores de artrose, principalmente no joelho, sendo a molécula inicialmente de alto peso molecular.

Nos últimos 15 anos, estudos mostraram que molécula de médio e baixo peso do ácido hialurônico traziam os chamados efeitos “condroprotetores” por melhorarem o ambiente fisiológico de uma articulação osteoartrítica, restaurando a viscoelasticidade reduzindo a fricção e melhorando a mobilidade.

Por este motivo, começou a ser utilizada em outras articulações do corpo, dentre elas, no quadril, acreditando-se que a injeção direta de ácido hialurônico no espaço articular permitiria atingir uma alta concentração com baixas doses, aumentando a permanência na articulação, com melhor resposta terapêutica.

Isso trouxe grande controvérsia ao meio cientifico, levantando-se a questão: “Essa amenização de sintomas e retorno ao esporte não poderia levar a uma destruição ainda maior do quadril”?

Para responder essa pergunta, alguns estudos de suma importância foram publicados nos últimos três anos em revistas cientificas de renome como a American Journal of Sports Medicine. Uma delas me chamou muito a atenção por tratar-se de uma revisão sistemática, um estudo secundário, que tem por objetivo reunir estudos semelhantes, publicados ou não, avaliando-os criticamente em sua metodologia e reunindo-os numa análise estatística, a reanálise, quando isto é possível.

Os resultados sugerem que:

  • O alívio da dor obtido a partir de uma injeção intra-articular de quadril suporta um diagnóstico de artrose e tem melhores resultados nos casos iniciais, com casos em que o alívio terapêutico em até a 12 meses pode ser alcançado;
  • A resposta negativa a curto prazo seria um indicativo da real necessidade de uma prótese total de quadril.

Conclusão

Apesar de existirem hoje no rol dos tratamentos da artrose no quadril procedimentos como a viscossuplementação, a radiofrequência pulsada e terapias regenerativas consideradas ainda experimentais. como o plasma rico em plaquetas, por exemplo, no tratamento da artrose de qualquer articulação, além do conhecimento cientifico, deve existir muito bom senso.

Quando a evolução da doença não está tendo boa progressão e o tempo de alívio entre as infiltrações vai se encurtando, a prótese deve ser sim considerada visando o alívio de sintomas, ganho de qualidade de vida e retorno ao esporte.

Lembrando que a infiltração do quadril deve sempre ser guiada por ultrassom, não só para reduzir o risco de uma lesão a artéria, nervo e veia femorais, mas também para que o ortopedista se certifique de que o produto foi realmente infundido dentro da articulação. Infiltrações realizadas “às cegas” podem resultar em extravasamento extra-articular e causar muita dor e desconforto, que podem perdurar por semanas.

Fonte: Eu Atleta – globo.com

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