Como preparar os joelhos para a corrida de rua
A corrida de rua é um esporte que se popularizou e veio para ficar. Desde os anos 60, com os conceitos difundidos por Kenneth Cooper, esta atividade tem ganhado cada vez mais adeptos, sendo a grande maioria em busca de qualidade de vida. Apesar de estar ligada ao ganho rápido de condicionamento cardiovascular, sabe-se hoje que a corrida de rua esta também se relaciona a um alto índice de lesões nos joelhos, principalmente as ligadas ao microtrauma de repetição, como a condromalácia, tendinite patelar e fraturas de estresse.
Estudos recentes têm demonstrado uma correlação entre corrida e incidência de lesões relacionadas a fatores intrínsecos (anormalidades biomecânicas e anatômicas, menor flexibilidade, histórico de lesões, características antropométricas, densidade óssea, composição corporal) e extrínsecos ligados a preparação ou prática da corrida (duração da sessão e longa quilometragem semanal, erros de planejamento e execução do treinamento, tipo de superfície de treino, tipo de percurso, tipo de calçado, alimentação, hidratação e prática concomitante de outras modalidades esportivas), entre outros não descritos neste trabalho.
De acordo com vários estudos epidemiológicos, entre 27% e 70% de todos corredores, sejam amadores ou profissionais, apresentam algum tipo de lesão durante o período de um ano. O principal local de lesões em corredores é a articulação do joelho.
Os mesmos estudos sugerem que a taxa de lesões ortopédicas na corrida chega a ser 12 vezes maior em mulheres em relação aos homens.
Frente a isso, seguem os sete passos para que você pratique a corrida de rua e não tenha que “visitar” sempre o consultório de seu ortopedista ou médico do esporte.
1. Consulte um médico do esporte
Este item é fundamental, principalmente para as pessoas que estão saindo do sedentarismo.
Em uma primeira avaliação o médico do esporte realiza uma triagem metabólica, ortopédica e cardiovascular em busca dos chamados fatores de risco como, por exemplo, aumento dos níveis de colesterol, arritmias e resposta inadequada da pressão arterial ao esforço físico.
Nesta etapa, muita gente fica assustada e acredita que praticar esporte seja um risco. Mas, na verdade, a prática esportiva (principalmente aeróbica) reduz o risco de doenças cardiovasculares como o temido infarto agudo do miocárdio e a primeira consulta no médico do esporte serve para que se determine o mal que o sedentarismo fez ao indivíduo e para que ele seja melhor orientado a sua incursão no esporte.
Medir níveis hormonais como o cortisol, vitamina D e a testosterona são de suma importância, principalmente para as mulheres, pois estão intimamente ligados a fraturas estresse.
E por fim, a avaliação do aparelho locomotor determina desequilíbrios musculares e a capacidade de absorção de energia cinética pelos membros ao se analisar o sinergismo da contração muscular do quadril com o resto do membro, coxa e perna. Qualquer alteração nestes parâmetros, mesmo que mínima, está ligada ao desenvolvimento de doenças como a condromalácia e tendinite patelar.
2. Faça uma avaliação nutricional
Redução de peso significa menos energia cinética a ser disspiada a cada passo. E além do equilíbrio pondero-estatural (controle de peso), o planejamento alimentar também pode influenciar na performance.
3. Durma bem!
Diversos estudos apontam relação entre horas de sono e a suscetibilidade ao excesso de peso, visto que o encurtamento do sono diminui a relação leptina/grelina, o que resulta em aumento da fome. Esse aumento da fome pode estar associado a uma maior ingestão de alimentos (geralmente muito calóricos), que desencadeia a obesidade. E o peso maior aumenta o risco de desgastes no joelho.
4. Nunca treine sem orientação de um treinador especializado em corrida
Para se praticar corrida de rua, não basta apenas comprar um tênis e começar correndo por conta própria. Estudos apontam que o principal fator para o desenvolvimento de lesões de microtrauma de repetição está associado ao treino sem orientação.
Um bom treinador sabe realizar a preparação física direcionada para corrida e dosar o volume de treino, fazendo uma planilha que inclua momentos de descanso.
5. Fortaleça a musculatura do joelho e da coxa
O joelho atua como o principal dissipador de energia cinética no esporte. Ou seja, qualquer impacto ou força de explosão passa por esta articulação. A falta de preparo muscular pode não dissipar corretamente e causar sobrecarga com lesões a cartilagens, tendões e à membrana.
O ganho do músculo anterior (quadríceps) da coxa é crucial para o preparo ao esporte, idealmente em uma academia sob a supervisão de um educador físico, evitando-se angulações e posturas lesivas.
6. Fortaleça o quadril
A musculatura do quadril vem, cada vez mais, ganhando atenção em traumatologia esportiva. Acredita-se que os músculos glúteo médio e mínimo, principais estabilizadores do quadril, quando fortes e de rápida contração, evitam que o joelho “caia para dentro” , fazendo com que a pessoa adote a postura que chamamos de “valgo dinâmico”, muito comum em mulheres que praticam corrida de rua.
7. Não exagere no treino
Picos súbitos de treino visando determinada prova pode ser o “estopim” de uma lesão, principalmente se os tecidos do joelho já estão sobrecarregados. Estudos tem demonstrado que, dentre as demais articulações, o joelho trabalha muito próximo aos seus limites fisiológicos e a dor após um treino exagerado pode demonstrar que uma lesão se instalou.
Fonte: Eu Atleta – globo.com
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