Dor no joelho em ciclistas: as causas mais comuns para a condromalácia
A dor no joelho é uma das lesões mais comuns que os ciclistas podem sofrer. Em uma pesquisa com 109 ciclistas profissionais, quase um quarto (23%) relatou ter sentido dores nos joelhos nos últimos 12 meses. Dessas lesões no joelho, 13 foram graves o suficiente para afastá-los do esporte. Em ciclistas amadores, os índices de lesão são ainda maiores devido ao baixo nível de experiência em relação à postura inadequada na bicicleta e ao ajuste errado da bike, à falta de acompanhamento profissional ou por desconhecerem os próprios limites.
Apesar de o ciclismo ser um esporte com um padrão de movimento constante e sem altos impactos, excluindo os advindos de quedas, é exatamente a natureza repetitiva do esporte que pode gerar a lesão. Uma hora de pedal a 80 rpm (rotações por minuto, que medem a velocidade da sua pedalada) condizem com quase cinco mil rotações, podendo levar às chamadas lesões por microtrauma de repetição. Abaixo, explicamos o que é a síndrome femoropatelar ou condromalácia e apontamos algumas causas.
O que é a síndrome femoropatelar?
A síndrome femoropatelar (SDFP) é um termo amplo usado para descrever a dor na parte da frente do joelho e ao redor da patela ou rótula. Também é conhecida como “joelho do corredor” ou condromalacia porque é comum em pessoas que praticam a corrida, mas afeta cerca de 40% dos ciclistas profissionais. Um ou ambos os joelhos podem ser afetados. A dor é geralmente pior ao subir escadas ou depois de ficar sentado por muito tempo.
Causas da dor femoropatelar
- Falta de ajuste adequado à bicicleta
O termo BikeFit refere-se ao ajuste ou adequação da bicicleta para o ciclista, para que seja configurada para atender às características do corpo de cada um, permitindo que o ciclista esteja na melhor posição para pedalar.
No que diz respeito às lesões no joelho, a inadequação da altura e do posicionamento do selim (muito alto, baixo ou muito anteriorizado) influencia as forças exercidas no joelho, podendo sobrecarregar a estrutura no decorrer das pedaladas.
- Erros de treinamento
É comum ver ciclistas empolgados aumentarem tanto a quilometragem quanto a intensidade do treino, mas o corpo pode não acompanhar e se deparar com a incapacidade do sistema muscular e de seus tendões associados para se adaptarem com rapidez suficiente às exigências impostas.
A recomendação padrão é que você deve aumentar sua milhagem em não mais de 10% em cada treino. Músculos e tendões levam tempo para se adaptarem à carga. Se a demanda for muito grande, o dano causado pela atividade não terá tempo de ser reparado e haverá uma espiral descendente.
- Alterações biomecânicas
Pesquisadores observaram que ciclistas com histórico prévio de dores no joelho adotaram, curiosamente, um estilo de pedalada muito semelhante: um movimento para dentro da coxa (adução) na subida do pedal e um movimento para fora (abdução) de sua perna durante o curso do pedal para baixo.
Obviamente, é impossível saber se esse estilo de pedalada alterado foi resultado de uma lesão ou a causa provável dela. No entanto, a adução da coxa pode prejudicar a função do quadríceps e potencialmente causar problemas no joelho. Imagine o joelho caindo para dentro durante a fase de levantamento de um agachamento, por exemplo. Agora pense sobre isso acontecendo cinco mil vezes em uma hora! Outros estudos também se concentraram na posição do joelho.
- Ativação muscular alterada
A relação alterada entre as musculaturas anterior e posterior da coxa, chamada em medicina do esporte de relação agonista/antagonista, pode gerar torque anormal sobre o joelho e consequente dor.
- Fraqueza nos quadris
Estudos mostram que ciclistas com a síndrome da dor femoropatelar apresentam maior fraqueza em ambos os abdutores do quadril e os rotadores externos do quadril. Para os casos onde a causa da dor é a síndrome da banda iliotibial, os pesquisadores descobriram que o fortalecimento do músculo glúteo médio do quadril é eficaz na redução da dor. Embora não seja a mesma questão, é claro, as variações biomecânicas que levam à síndrome da banda iliotibial são comparáveis à SDFP. Mais notavelmente, o aumento da adução femoral.
Fonte: Eu Atleta – Globo.com
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