É possível prevenir lesões na corrida?
Melhorar a propriocepção dos pés e dos músculos do quadril reduz os riscos.
Correr é uma atividade natural, inerente ao movimento humano. Porém, correr de forma competitiva, sequencial, é algo que muitas vezes pode trazer lesões, principalmente em corredores recreacionais. Neste sentido, a ciência vem, há muitos anos, buscando formas de prevenir e evitar lesões na corrida. Há muitos dados e estudos longitudinais, mas de forma geral ainda temos muito a ser estudado neste sentido. Prevenir lesões ou mesmo minimizá-las, já que o envelhecimento dos tecidos é algo inevitável e está também ligado a elas, é um dos grandes desafios da atualidade. Na ortopedia e na medicina do esporte, este é um tema recorrente.
Em um estudo de Jungmalm (2020) e colaboradores, foram recrutados 224 corredores que participaram da prova de meia maratona Gotemburgo. Para participar do estudo, os corredores deviam atender aos seguintes critérios:
- Ter entre 18 e 55 anos;
- Não ter sofrido com lesões musculoesqueléticas nas extremidades inferiores seis meses antes do exame inicial pré-estudo;
- Correr pelo menos 15 km por semana (em média) durante os 12 meses antes do exame de linha de base;
- Correr sem palmilhas ortopédicas;
- Não ser portadores de diabetes;
- No caso de corredoras, não estar grávidas.
Neste estudo, os participantes passaram por um exame clínico, onde foram avaliadas a sua amplitude articular e flexibilidade muscular, entre outros fatores. A mecânica de corrida também foi avaliada. Os corredores foram acompanhados por um ano e, ao longo deste período, a média de distâncias ficou em 25 km semanais.
Dos 224 corredores, 85 sofreram algum tipo de lesão relacionada à corrida. Mas o que foi mais interessante foi o fato de que não foi possível encontrar associações entre as lesões e questões como amplitude de movimento articular excessiva ou restrita, flexibilidade muscular extrema ou limitada ou pontos de gatilho dolorosos. Ou seja, mesmo os corredores que tinham um bom padrão de mobilidade e flexibilidade acabaram se lesionando.
Mas algo chamou a atenção dos pesquisadores. Houve dois padrões que estavam presentes em praticamente todos os corredores lesionados:
- Eversão tardia do tornozelo (eversão é o movimento onde a pisada se projeta para “fora”, com a pisada com maior intensidade na porção medial do pé). Ou seja, os corredores pisavam e o pé “virava” levemente para dentro. Este padrão foi encontrado em 55 corredores, dos 85 que se lesionaram.
- Outro padrão que foi encontrado foi o de fraqueza nos músculos estabilizadores do quadril. Isso ocorreu principalmente na diferença de força entre abdutores e adutores da coxa.
Neste sentido, melhorar a propriocepção do pé (para melhorar a ativação dos músculos da região da canela, o que vai prevenir a eversão tardia), bem como dos músculos adutores, abdutores, quadríceps e todos que se inserem no quadril, traz uma redução no potencial lesivo da corrida.
E como isso influencia seu treino?
Corredores estão entre os grupos de esportistas com maior índice de lesões quando comparados a outros esportes, equivalendo-se em quantidade de horas praticadas. Hoje, sabemos que força e equilíbrio muscular e melhoras na mecânica da corrida, além do treino bem periodizado, com intervalos adequados de descanso, são elementos para a prevenção de lesões.
Não podemos eliminar as lesões com isso, mas podemos reduzir em muito a sua incidência. Por isso, você, corredor, precisa de bons profissionais te ajudando no dia a dia para que tenha uma longa vida de corridas.
Fonte: Eu Atleta
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