Lesão na cartilagem articular: respostas para as 10 principais dúvidas
A cartilagem é um tecido amortecedor que reveste a superfície do osso ao nível das articulações, protegendo-as. Como característica, tem uma enorme capacidade de resistência à carga e permite o amortecimento e o fácil deslizamento, sem contato entre as superfícies ósseas. Como é um tecido vivo que está sempre em renovação, há em situações normais um equilíbrio entre a formação (anabolismo) e a destruição (catabolismo) da sua estrutura e uma pronta e eficaz resposta à reparação em caso de lesão.
De maneira didática, é constituída por uma matriz extracelular (proteoglicanos e colágeno) e por células (condrócitos) que controlam a formação e a destruição fisiológicas da matriz. Os condrócitos são as células próprias da cartilagem que têm a seu cargo a renovação de todos os outros elementos da cartilagem, nomeadamente o colágeno e os proteoglicanos. Devido ao seu potencial de cicatrização espontâneo praticamente nulo, diversas técnicas foram desenvolvidas. A indicação cirúrgica e escolha da técnica para determinado perfil de paciente, de acordo com idade, sexo, memória muscular, nível de atividade física e comorbidades, fazem com que seu algoritmo seja um dos mais complexos da área medica.
Frente a isso, algumas dúvidas surgem:
- O que é uma lesão condral ou osteocondral ?
A cartilagem articular pode ser lesada por acidentes, como uma ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA), ou degenerar lentamente ao longo do tempo, levando à artrose. O mau alinhamento da articulação, excesso de peso, atividade excessiva, uso excessivo ou lesões podem causar desgaste da cartilagem. Se ela estiver danificada ou desgastada, a articulação se torna dolorosa e rígida e com menor amplitude de movimento. Na artrose grave, a cartilagem hialina pode se desgastar completamente, deixando a articulação afetada sem a almofada. Isso faz com que os ossos se esfreguem. - Quais são as técnicas para tratar a cartilagem?
As técnicas são divididas em: paliativas como a limpeza articular feita por artroscopia; reparadoras, que envolvem a fixação de fragmentos de cartilagem soltos; regenerativas, como a membrana de colágeno que utiliza as próprias células de cicatrização do corpo da pessoa; e reconstrutivas, que envolvem o transplante cartilaginoso, como a técnica chamada mosaicoplastia. - Quanto tempo depois da cirurgia o paciente recebe alta?
Dependendo da técnica empregada, no mesmo dia do procedimento. - Como os resultados são acompanhados?
Apesar de cada médico ter sua própria metodologia, o acompanhamento deve ser feito semanalmente e, depois, mensalmente. Como a cicatrização do tecido cartilaginoso é lenta e gradual, um mínimo de um ano de seguimento clínico faz se necessário. - As muletas são necessárias por quanto tempo?
De seis a oito semanas, em média. Isso é muito importante para que a área trabalhada possa cicatrizar corretamente. Diversos estudos mostram que os piores resultados estão ligados àqueles pacientes que não respeitaram esta recomendação. - Em quanto tempo o paciente volta a dirigir?
Sim. Em média, dentro de duas a três semanas no período pós-operatório. - Quando se começa a fisioterapia e por quanto tempo devo realizá-la?
Idealmente, a fisioterapia deve ser iniciada no dia seguinte ao procedimento e, como envolve fases como a analgesia, ativação, fortalecimento muscular e ganho de agilidade neuromotora, deve ter duração média de seis a oito meses. Em alguns casos, até um ano. - Quais são as chances de uma operação resolver problemas de cartilagem a longo prazo?
Como dito anteriormente, o algoritmo é complexo e existem diversas técnicas. Nenhuma delas garante 100% de bons resultados a médio e longo prazo. De qualquer forma, o sucesso envolve uma boa seleção de paciente para determinada técnica cirúrgica, uma boa habilidade do cirurgião e reabilitação pós-operatória adequada. - Existe um período mínimo de folga do trabalho após a cirurgia?
Para pessoas cujo trabalho exige deambulação, o retorno ocorre dentro de dois a três meses. Para aqueles que conseguem trabalhar sentados e podem fazer o chamado home office, podem retornar em duas a três semanas. - Como o retorno ao esporte é planejado?
O retorno ao esporte é obtido através do que chamamos de equipe de transição, que envolve médico, fisioterapeuta e profissional de educação física. Para chegar nesta fase, é necessário que o paciente tenha 100% de alívio de sintomas e já tenha alcançado uma boa ativação muscular. Existem diversos protocolos que avaliam a agilidade neuromotora a serem empregados, sendo o FMS (functional movement screen) um dos mais populares. Após esta avaliação, a prescrição e periodização de treino são realizadas e o retorno ao esporte dá-se maneira gradual. Lembrando que, nesse período, devido ao prolongado tempo de inatividade, é muito importante que testes cardiorrespiratórios também sejam realizados para que o retorno ao esporte seja realizado com mais segurança.
Fonte: Eu Atleta – globo.com
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