Lesões de cartilagem no esporte: 10 mitos e verdades
Infelizmente, as lesões da cartilagem articular são comuns nos esportes. Quando acometem somente a cartilagem, chamamos de lesão condral; quando acomete também o osso subjacente, chamamos de lesão osteocondral. Por se tratar de um tecido a vascular, de poucas células e muita matriz extracelular, é considerado de baixo turnover, ou seja, de difícil cicatrização. Felizmente, com a chegada de novos procedimentos regenerativos direcionados à lesão cartilaginosa, o que era o mito passou a ser verdadeiro e vice-versa.
Seguem abaixo os dez principais mitos e verdades sobre as condropatias e lesões na cartilagem:
- Inchaço no joelho após uma lesão na cartilagem é provisório. Basta fazer um gelo, fortalecer e voltar ao esporte – Mito!
A ciência provou nos últimos cinco anos que uma vez lesada a cartilagem, seguida de inchaço que chamamos de sinovite artrítica, haverá liberação intra-articular de enzimas inflamatórias que, gradativamente, destruirão a cartilagem. Por isso, a doença tem que ser diagnosticada e controlada o mais precocemente possível. - Não existe regeneração cartilaginosa – Mito!
É fato de que, de maneira espontânea, a cartilagem tem um potencial praticamente nulo de regeneração. Mas com a chegada de novas tecnologias de imagem, principalmente ressonância magnética, é possível que seja estimada a regeneração (mesmo que lenta) do tecido após qualquer procedimento regenerativo. Isso ainda é tema polêmico e segue em estudo. - Nem toda técnica utilizada na regeneração de cartilagem é eficaz – Verdade!
O bom resultado de um procedimento depende da indicação, da qualidade técnica da equipe médica, da qualidade da reabilitação e, principalmente, da idade e de fatores genéticos inerentes ao próprio paciente. - A viscossuplementação serve apenas para lubrificar e tem efeito paliativo – Mito!
Estudos publicados nos últimos cinco anos têm demonstrado o chamado efeito biológico do ácido hialurônico, agindo principalmente na cascata inflamatória da sinovite artrítica que pode conduzir ao desgaste completo da articulação, denominado artrose. - Nem todos os procedimentos regenerativos estão disponíveis no Brasil – Verdade!
Infelizmente, tanto no Brasil quanto em outros países do mundo procedimentos como a cultura de condrócitos (células responsáveis pela manutenção da matriz cartilaginosa) ainda não são regulamentados pela ANVISA . - Qualquer tratamento regenerativo impede que uma pessoa chegue a realizar uma prótese – Mito!
Estatisticamente, os procedimentos regenerativos têm melhor resultado em pacientes mais jovens e com lesão cartilaginosa focal, e resultados mais pobres quando associados à artrose. - O esporte degenera mais rápido as articulações – Mito!
Diversos estudos mostraram que uma pessoa ativa, dentro dos seus limites fisiológicos, tem proteção das articulações ao praticar esportes e realizar o trabalho de fortalecimento. Sedentários tendem a degenerar cartilagem mais rápido. - A utilização de colágeno, garra do diabo, glicosamina, MSN, extrato de abacate, dentre outros, atua na regeneração da cartilagem – Mito!
Este é um tema controverso e todos os estudos sérios, sem o patrocínio da indústria farmacêutica, mostraram que os resultados da utilização desses medicamentos e suplementos alimentares são semelhantes ao placebo no alívio de dor e modificação dos exames de imagem. Frente a isso, órgãos como a Sociedade Internacional do Estudo da Cartilagem (OARSI) preconizou o que seu uso deve ser descontinuado caso o paciente não sinta melhoria após seis meses. - Corrida de rua e crossfit lesionam mais a cartilagem – Mito!
Tanto o crossfit quanto outros esportes, quando praticados dentro dos limites fisiológicos, bem orientados, bem periodizaados e sem exageros, protegem as articulações. - Recuperação de qualquer cirurgia cartilaginosa é lenta – Verdade!
Como dito na primeira questão, a cicatrização da cartilagem é muito lenta e os resultados finais costumam ser observados de seis a oito meses, dependendo da extensão, localização, fatores individuais e reabilitação.
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