Por que Zverev precisou operar o tornozelo após a entorse?

O tenista alemão Alexander Zverev precisou abandonar a semifinal de Roland Garros por conta de uma lesão no tornozelo direito após entorse, e postou nas suas redes: “Rompi vários ligamentos laterais do pé”.

Mas por que ele operou?

Embora seja raro que a entorse ou torção de tornozelo exija cirurgia, há momentos em que a instabilidade por entorses de repetição pode exigir uma decisão mais definitiva, principalmente em ruptura múltiplas associadas a outras lesões e em casos de atletas profissionais. Às vezes, a entorse em si é grave o suficiente para exigir cirurgia também quando há lesão da sindesmose, por exemplo.

Determinando a gravidade de uma entorse de tornozelo

Entorses de tornozelo são classificadas por sua gravidade. Existem três graus de entorses:

  • Grau 1: ocorre quando a entorse é de menor intensidade, na qual nenhum ligamento se rompeu. Uma entorse de grau 1 normalmente se cura rapidamente por ser um estiramento ou lesão leve, e é tratado com intervenção mínima. Você pode sentir algum desconforto ao correr ou pular, mas, no geral, a dor será relativamente menor, assim como qualquer inconveniente.
  • Grau 2: este grau mais comum de entorse é aquele que envia a maioria das pessoas ao médico. Em uma entorse de grau 2, o ligamento é parcialmente rompido. É difícil andar. Um tornozelo torcido de grau 2 pode resultar em inchaço e hematomas. Pode levar até um mês para a cura completa de uma entorse de grau 2. E a cirurgia é raramente indicada.
  • Grau 3: em uma entorse de grau 3, a dor é intensa como resultado de um ligamento totalmente rompido. Você pode ouvir ou experimentar um som de estalo quando ocorrer a lesão. Haverá inchaço e hematomas imediatos, às vezes maciços. Será difícil ou impossível andar e a articulação fica muito instável. Foi o que aconteceu com o tenista, e devido à intensidade da supinação e rotação externa, ocorreu a queda subsequente, o que tornou tudo ainda mais dramático. Nos piores casos, uma entorse grave de grau 3 pode levar semanas para se recuperar, e se ainda assim não cicatrizar, pode ser indicada cirurgia. Mas isso acontece com a minoria dos casos.

Como saber se preciso de cirurgia no tornozelo?

Cada lesão é única, é claro, e deve ser avaliada por um especialista em tornozelo e pé. Mas existem algumas regras a serem levadas em consideração. Vejam elas:

  1. Seu tornozelo é cronicamente instável, devido à frouxidão:
    Após uma entorse, fratura ou outra lesão semelhante à do Zerev, é comum sentir instabilidade crônica no tornozelo. Isso significa que seu tornozelo está instável e pode parecer “solto”. Muitas vezes, essa instabilidade se cura com tratamento conservador e tempo. Outras vezes, devido à gravidade de sua lesão inicial, você precisará fazer uma cirurgia para recuperar a estabilidade do tornozelo. Chamamos de instabilidade funcional.
  2. Você rompeu seus ligamentos e não cicatrizou:
    Os ligamentos mantêm todo o tornozelo unido. Quando você tem vários ligamentos danificados ou danos graves em certos ligamentos, seu tornozelo pode não recuperar a estabilidade anterior. É recomendada cirurgia nestes casos, para restaurar seus ligamentos. Chamamos de instabilidade anatômica.
  3. Você tem dano ósseo:
    O dano ósseo ocorre em lesões no tornozelo quando você quebra visivelmente ou faz as chamadas fraturas ocultas dos ossos. Também indicamos quando os ossos saem de posição (luxação ou subluxação), o que é outra causa de instabilidade crônica no tornozelo. Através da cirurgia, podem ser realizados o reparo ósseo e a redução adequada.
  4. Lesões associadas:
    Cartilagem, nervos, tendões, músculos, corpos livres, aprisionamento ou pinçamento justificam a abordagem cirúrgica na fase aguda.
  5. Dor e /ou edema crônico:
    Devido à lesão ligamentar, outras estruturas podem ficar sobrecarregadas, como os tendões. Exemplos clássicos são a tendinite peroneal (fibular) e a tenossinovite, que ocorrem comumente devido à cicatrização ineficaz ou incompleta dos tendões peroneais sobrecarregados. Pode também ocorrer o impacto do tornozelo, após lesão ligamentar devido à hipertrofia sinovial ou bandas fibrosas que se formam entre o tálus e a tíbia, resultando em dor ou sensação de ceder (ou ambos) sem frouxidão ligamentar.

Os pacientes que não respondem ao tratamento inicial podem se beneficiar da artroscopia do tornozelo com sinovectomia parcial.

Esperamos breve recuperação ao atleta. E caso você conheça alguém que tenha sofrido uma torção, entenda que em atletas de alto rendimento a decisão em operar ocorre de forma mais incisiva para seu retorno ser breve.

Bons treinos, valentes!

Fonte: Eu Atleta – globo.com

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