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Os benefícios à saúde trazidos pela prática da corrida são inegáveis, incluindo melhoria da autoestima e capacidade mental, aumento dos níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade, o “bom colesterol”) no sangue – fator associado à redução dos riscos de doenças cardíacas -, redução da depressão, manutenção da independência física e habilidade para o trabalho, retardando o processo de envelhecimento da massa óssea, regulação do sono, estresse, ansiedade e redução da incidência do câncer.

Com o envelhecimento, a cartilagem que reveste os ossos internamente, a membrana sinovial, se deterioram, e eles entram em contato e se atritam, causando dor, processo denominado degeneração artrítica ou, mais popularmente, artrose. Isso ocorre com todas as pessoas, sendo elas atletas, esportistas ou sedentários. Possui forte influencia genética, mas nem todo mundo desenvolve sintomas que incluem dor, inchaço, perda de mobilidade e deformidade. Em outras palavras, todos passarão por isso em algum momento da vida. Poucos apresentarão sintomas.

Poucos estudos abordando o desgaste da cartilagem articular nos esportes foram realizados. A teoria de que quanto mais se pratica esportes, mais se acelera a degradação da cartilagem é motivo de debates calorosos em congressos de medicina do esporte. A habilidade dos tecidos em manter suas estruturas, em concordância com ambientes específicos tem sido designada “adaptação funcional”.

Os processos de adaptação funcional ao esporte são descritos durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, órgãos internos e nos tecidos com funções mecânicas primárias, como os músculos e os ossos. Hoje, trabalha-se com o conceito da “supercompensação”: durante a prática esportiva, existe a destruição tecidual, que é compensada com uma reconstrução extracelular de volume cada vez maior. Este processo já é bem estabelecido no tecido vascular, respiratório, cardíaco, músculos e tendões. Mas, e no tecido cartilaginoso?

Durante as atividades diárias normais (caminhadas), a cartilagem patelar sofre uma compressão média de 2 a 8%, quando comparada a situações de repouso sem carga. Exercício intenso pode acrescentar 2 a 8% na média de compressão aos valores encontrados durante as atividades físicas normais. Mas este padrão de destruição tecidual poderia estar ligado a uma supercompensação cartilaginosa?

Recentemente, entrou em discussão científica os chamados biomarcadores cartilaginosos, produtos encontrados tanto no sangue quanto na urina que mostram a quantidade de cartilagem que está sendo degradada. O que se sabe até agora é que pessoas diagnosticadas com artrose, que sentem mais dor, têm realmente uma quantidade maior desses produtos em seu corpo.

O temor em se desenvolver a artrose, condição de caráter incapacitante progressiva que, muitas vezes exige tratamento cirúrgico tem levado a comunidade cientifica a pensar em prevenção. O que hoje, por consenso, envolve fortalecimento e reequilíbrio muscular, preparação ao esporte e controle do peso.

Temendo o desgaste cartilaginoso, muitos praticantes de atividade física, em especial corredores de rua têm recorrido ao uso de suplementos que “prometem” poupar as articulações durante o treino, incluindo a condroitina, glicosamina, colágenos, entre outros. Nenhum destes produtos tem estudo com nível de evidência científica suficiente que comprove sua eficácia.

Em 2016, um estudo envolvendo 11 universidades francesas denominado “biovisco” envolveu esportistas voluntários submetidos à infiltração do joelho com ácido hialurônico . O resultado trouxe redução significativa de biomarcadores quando comparados aos usuários que não receberam o produto. Isso influenciou a comunidade científica positivamente, levando a modificações no produto, com a criação de formas mais ou menos concentradas, associando alto e baixo peso molecular a sais como o sorbitol e manitol, na tentativa de se manter o produto o maior ou tempo possível dentro da articulação. Obviamente, cada apresentação com indicação para determinados sintomas, sexo e idade.

A ideia de se diagnosticar o mais precocemente possível e de se prevenir a evolução da doença tem incentivado cada vez mais a comunidade científica a fazer uso desta medicação. Estudos futuros devem trazer à tona sua real eficácia no esporte. Ate lá, alguns cuidados devem ser tomados:

– O procedimento nao é isento de complicações, como a sinovite (reação inflamatória do joelho) e, em raríssimos casos, infecção.

– Tem indicação e eficácia apenas para pessoas que têm sintomas cartilaginosos. Por isso a necessidade de avaliação por um médico do esporte ou cirurgião de joelho experiente.

– Jamais deve ser utilizado como monoterapia, mas sim em conjunto a uma boa reabilitação e programa de retorno ao esporte.

Fonte: Eu Atleta – Globo Esporte

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