Síndrome compartimental crônica: o que é a dor induzida pelo exercício

Apesar de rara, a chamada Síndrome compartimental crônica costuma afetar praticantes dos chamados esportes de endurance, como corrida de rua, corrida de montanha, ciclismo, natação e triatlo. Trata-se de uma doença muscular e nervosa induzida pelo exercício que causa dor, inchaço muscular e, por vezes, até mesmo deficiência nos músculos afetados de suas pernas ou braços.

O que é e causas

Trata-se de um aumento da pressão na musculatura e nos demais tecidos contidos em um espaço delimitado pelas fáscias (aos quais chamamos de compartimento). O tamanho do músculo pode aumentar em até 20% durante o exercício. Um aumento no peso muscular reduzirá o volume do compartimento das bordas fasciais circundantes e resultará em um aumento na pressão do tecido . Isso pode levar a uma ruptura da microcirculação da perna.

Na forma crônica, quando o esportista esta em repouso, a pressão do compartimento é normal e praticamente, nada se sente. Durante o esporte, no entanto, a pressão sobe, reduzindo o fluxo sanguíneo de nervos e músculos com consequente desenvolvimento de sintomas.

Sintomas

  • A dor é o principal sintoma. Costuma ser do tipo queimação ou dor tipo “cólica” no membro afetado;
  • Sensação de aperto no membro afetado;
  • Dormência ou formigamento;
  • Fraqueza;
  • Perda da capacidade de esticar o pé, em casos graves, se os nervos em suas pernas são afetados;
  • Ocasionalmente, inchaço ou abaulamento, como resultado de uma hérnia muscular.

Em geral, a doença começa logo depois que o atleta começa a se exercitar e piora progressivamente, mas cessa dentro de 30 minutos após repouso.

Com o tempo, os sintomas podem começar a persistir por mais tempo após o exercício, possivelmente persistente por um ou dois dias

Parar completamente a prática esportiva pode aliviar os sintomas, mas geralmente apenas temporariamente. Uma vez que o indivíduo volta a correr novamente esses sintomas costumam voltar.

Causas

Em uma situação normal, o exercício aumenta o suprimento de sangue para os músculos , fazendo-os expandir. Se o tecido conectivo (fáscia) que mantém as fibras musculares em conjunto em um compartimento também não se expande, a pressão acumula-se no compartimento. Com o tempo, a pressão aumentada “corta” parcialmente o suprimento de sangue do músculo, levando à síndrome de compartimento de esforço crônica.

Alguns especialistas sugerem que a biomecânica, ou seja como a pessoa se move – pode ter um papel em causar síndrome compartimental crônica de esforço. Outras causas podem incluir ter músculos mais apertados congenitamente (desde o nascimento), uma banda especialmente espessa ou rígida de tecido (fáscia) ao redor de uma secção do músculo ou de alta pressão dentro de suas veias (hipertensão venosa).

Fatores de risco

Pela literatura, existiriam alguns fatores de risco que poderiam levar à Síndrome Compartimental Crônica:

  • Idade – Embora pessoas de qualquer idade possam desenvolver síndrome compartimental crônica de esforço, a condição é mais comum em atletas com menos de 30 anos;
  • Tipo de exercício – O exercício que envolve a atividade de impacto repetitivo, como correr ou andar rápido, aumenta o risco de desenvolver a condição.
  • Overtraining – Aumento do volume e intensidade do treino;
  • Certas drogas – Tomar esteroides anabolizantes ou o suplemento creatina pode aumentar o risco para o desenvolvimento da doença.

Diagnóstico

Pessoalmente, considero o manejo da lesão difícil. Existe uma sistematização no diagnóstico, e se não for bem seguida, pode não ser feito.

Isso envolve dois fatores:

  1. O exame físico para síndrome compartimental crônica de esforço é, muitas vezes normal. O ideal é examinar o paciente depois do exercício, quando a condição é mais provável que seja aparente. Por isso, é importante ter esteiras e bicicletas estacionárias no consultório e solicitar para que o paciente corra ou pedale até que os sintomas apareçam.
  2. Diferente de outras lesões, o exame de ressonância magnética é examinador-dependente, ou seja, se não bem realizado, NÃO SE FAZ DIAGNÓSTICO.

Ou pior: se o paciente possuir imagem previas de canelites ou outras lesões prévias, pode-se errar o diagnóstico. Este é um dos motivos de tantos atletas estarem se tratando de canelite ou fraturas de estresse sem sucesso. O exame deve ser realizado em um laboratório também que possua esteiras e bicicletas estacionárias e o paciente deve correr ou pedalar até que os sintomas apareçam. O exame deve ser realizado imediatamente ao surgimento dos sintomas. Infelizmente, é muito comum o paciente retornar ao consultório dizendo que correu um pouquinho na esteira, não sentiu os sintomas típicos e já se deitou para realizar o exame. É muito importante o radiologista ter em mente que, muitas vezes, são atletas de altíssimo volume, e pode ser necessário que a corrida ou pedal sejam realizados na rua.

O exame sendo bem realizado, a imagem clássica é de um aumento de sinal e volume do grupos muscular acometidos, muitas vezes bilateral.

Tratamento

A estratégia inclui:

  • Medicamentos para a dor, inicialmente;
  • Alongamento e fortalecimento muscular;
  • Uma pausa de exercício ou o uso de diferentes técnicas biomecânicas, tais como alterar a forma como você pousar quando você se movimenta.

Indiscutivelmente, este é o tratamento ideal para pessoas em que o diagnóstico ainda não está claro. Mas quando está:

  • A cirurgia é o principal tratamento da síndrome de compartimento de esforço crônica e a mais eficaz. Envolve a abertura da fáscia, tecido inelástico encerrando cada compartimento muscular. Os métodos incluem tanto corte aberto a fáscia de cada compartimento afetado (fasciotomia) ou, na verdade, a remoção de parte da fáscia (facectomia). Em ambos os casos deste lançamento ou descompressão, o compartimento não está mais preso pela fáscia inflexível, dando-lhe espaço para se expandir quando a pressão aumenta.

O retorno ao esporte é relativamente rápido, realizado de maneira gradual a assistido por equipe multidisciplinar.

Fonte: Eu Atleta – globo.com

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